Pato Branco (PR) – “Se a tragédia causou tanta destruição, causou também uma onda de solidariedade como talvez nós não vimos em nosso Brasil.” Com estas palavras, proferidas pelo arcebispo de Porto Alegre, Cardeal Dom Jaime Spengler, foi oficialmente aberta, na noite de sexta‑feira (20/06), as celebrações e festividades em honra a São Pedro Apóstolo, padroeiro da Paróquia e da cidade de Pato Branco (PR).
Em seu agradecimento, Dom Jaime Spengler recordou os recentes episódios de enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, deixando 16 paróquias sob as águas. “Precisamos de tempo para reconstruir o que tínhamos, mas vimos uma onda de solidariedade sem precedentes. É sinal de que há, entre nós, gente boa demais”, afirmou, ressaltando a ajuda vinda também dos fiéis de Pato Branco. Em gesto de gratidão, pediu a Deus que recompense “não com o dobro, mas com a medida do Evangelho – cem vezes mais – cada centelha de bondade oferecida”.
No início da celebração, o pároco Frei Evandro Balestrin acolheu a todos. “Queremos, neste noite, acolher as crianças da catequese com uma grande salva de palmas e apresentar os símbolos de São Pedro: a barca, a chave, o cajado e os peixes que lembram um homem que foi ‘pescador de homens’. “Queremos nós também receber Dom Jaime, nosso confrade, arcebispo de Porto Alegre, presidente da CNBB e do CELAM. Seja muito bem-vindo em nosso meio, e obrigado, no meio de tua agenda tão grande, por teres achado um dia para celebrar conosco”. Ainda, em um gesto de reverência, Frei Evandro destacou a autoridade espiritual conferida a Pedro por Cristo, fundamento da estrutura da Igreja Católica e sinal visível de sinodalidade.
O tema do dia, “Não podeis servir a dois senhores”, guiou a homilia de Dom Jaime, que refletiu sobre o verdadeiro tesouro cristão: ‘Não junteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, juntai para vós tesouros no céu, onde nada disso acontece. Porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração’ (Mt 6,19‑21).
Segundo Dom Jaime, ser justo não consiste apenas em cumprir normas. Justiça é buscar a boa medida em cada situação. Não existe medida pronta; ela precisa ser redescoberta a cada dia. Isso vale no lar, na sociedade e na nossa relação com Deus.
“Pedro era simples, tosco, até negou Jesus por medo. Mas tinha um coração bom. E Jesus, em vez de condená‑lo, pergunta três vezes: ‘Pedro, tu me amas?’ E Ele continua perguntando até hoje para cada um de nós: ‘Tu me amas? Tu me amas? Tu me amas?’. “Nossa resposta exige duas coisas: oração e conhecimento do Evangelho. Sem oração, ‘saco vazio não para em pé’. E sem conhecer Jesus, não há intimidade verdadeira”, ensinou.
“Que a nossa oração seja humilde, colocando‑nos diante da cruz, reconhecendo nossas fraquezas e pedindo a graça de seguir a vontade de Deus. E que busquemos sempre aprender mais, pois quem pensa já saber tudo, envelhece por dentro. Peçamos a Deus a graça da jovialidade espiritual e do senso de justiça. O Senhor liberta os justos de todas as angústias”, refletiu
Após a comunhão, Frei Evandro retomou o microfone para os agradecimentos: “Obrigado, Dom Jaime. Sei que fizeste de tudo para encontrar um espaço em tua agenda para estar conosco. Gratidão pelo trabalho e missão que tens, como presidente da CNBB e do CELAM. Uma salva de palmas também ao Frei Gilson e a toda equipe de comunicação que torna este evento tão divulgado e participativo”.
Em seguida, as crianças da catequese entoaram o animado “Pedro, pedra forte, rocha firme do Senhor”, conduzindo a assembleia a um momento de ação de graças que encheu de vida o templo. Por fim, Dom Jaime ministrou a bênção final, abençoando toda a Paróquia e convidando a comunidade a refletir, durante os próximos dias, sobre a presença de São Pedro como fundamento de unidade na Igreja.
“Que Deus recompense a todos que colaboraram nos esforços de reconstrução no sul do Brasil. Que Ele continue a derramar sobre nós a graça da unidade e da justiça”.
A novena prossegue até 29 de junho, dia da festa solene de São Pedro, com programação diária de orações, reflexões e festejos no pavilhão paroquial.